terça-feira, dezembro 31, 2002

Pequenos problemas

Prepare-se para olhar para o seu computador como nunca olhou: para um instrumento de trabalho e não como um mero amontoar de problemas...

Primeiro passo. Analisar os problemas. Que tipo de computador tem? Que sistema operativo, processador, disco rígido... são pontos importantes mas não fundamentais. A outra pergunta fundamental para resolver grande parte dos problemas que tem com o seu computador é a seguinte: quais são as suas necessidades?

Nem imagina a quantidade de pessoas que perde dinheiro, tempo e recursos a fazer actualizações quando utiliza o seu computador como uma simples máquina de escrever inteligente.

Primeiro pense. Depois volve a pensar. A sua máquina é utilizada por quantas pessoas? A sua máquina serve para gerir o seu pequeno negócio, é entregue aos miúdos para conteúdos didácticos e jogos ou é a parceira fundamental para as suas apresentações?

Utiliza-se a Internet de forma exaustiva ou apenas para responder a e-mail? Áudio e vídeo são prioridades ou apenas subutilizações negligenciáveis?

Pode achar que são perguntas de retórica mas não o são. São perguntas fundamentais para avaliar da real necessidade de comprar um computador novo ou actualizar o antigo, de passar para o sistema operativo mais recente ou manter-se no fiável e quase perfeito sistema anterior, se deve comprar um modem ou ter ADSL ou RDIS, etc, etc...

Claro que todos andamos à procura do computador perfeito, que sirva para o homem de negócios e para o programador, do audiófilo ao editor de vídeo e do “puto” lá de casa à sua avó que entra em chats com vídeo. Pois... e já agora um Ferrari que leve uma família de sete pessoas na garagem, pode ser?

A verdade é que os computadores estão a ser feitos, cada vez mais, à medida das necessidades de cada utilizador, tentando que uma plataforma comum permita ser depois personalizável e actualizável pelas necessidades específicas do utilizador.

Este precisa ter certos conhecimentos básicos, necessários até, de forma a obter o melhor dos computadores que tem em casa... Bom Ano Novo!

sábado, dezembro 28, 2002

Aqui vão estar, em arquivo, todos os meus Info.id e as saudosas crónicas "Nos Canais dos Novos Media"

terça-feira, dezembro 24, 2002

Prendas de Natal

Atrasado, mesmo com as novas tecnologias, veio o Pai Natal. Será que valia a pena ele chegar, com as poucas notícias que vamos tendo para agradar este meio?

A verdade é que estamos a uma semana do final do ano e aquilo que sabemos é que a ANACOM decidiu adiar, logo por um ano, a abertura da terceira geração. O mercado bolsista agradece, as operadoras agradecem, os cidadãos se calhar não. Mas para quê bater mais no ceguinho? Instalou-se a filosofia que a terceira geração não era aquilo que sempre sonhámos. O mais curioso é que são exactamente os mesmos que nos disseram o contrário – as consultoras, as operadoras – que agora estão a vender “este peixe”. Dá para desconfiar, dá para não acreditar.

Também foram os mesmos que nos venderam a ideia que a Internet gratuita irá acabar… Essa, eu não comprarei nunca e a mesma irá se manter muito para além da morte deles.
Mas não falemos de coisas tristes mas sim desta época natalícia e das prendas possíveis.

Para as empresas, a melhor prenda possível é a retoma económica. Será que é possível pedirmos nós a elas que invistam nesta época, tentando reparar nos problemas internos da empresa, webizando aquilo que for possível e tentando dar uma imagem de dinâmica?

Para as entidades públicas, quer sejam as autarquias ou a Administração Pública Central, deve-se caminhar para uma melhor política de informação ao cidadão, para a criação de serviços Internet disponíveis e para a divulgação desta ferramenta de apoio cívico junto das populações mais desfavorecidas. Sobre esse tema, irei escrever logo em Janeiro sobre ele…

Para os cidadãos, é fundamental que exijam das empresas mais informação, é importante que saibam as grandes diferenças entre publicidade e realidade, entre a compatibilidade ou não das tecnologias mas mais do que isso, que saibam tirar partido das mesmas para melhorar a sua vida. Quer seja a Net, quer o computador ou a ferramenta electrónica de protecção, o futuro é de quem pensa nestes mecanismos como ajuda e não como o empecilho electrónico.

Que alguém, nas suas resoluções de Ano Novo tenha a sensatez de mostrar que o futuro é nosso, é digital e está aí a chegar!

sexta-feira, dezembro 20, 2002

Sensações

É uma sensação diferente estar do outro lado. Ver os artigos dos meus colegas, não estar nas conferências de imprensa, acompanhar apenas por alto as noticias saídas nas agências noticiosas, entrar naquele ritmo vivo de produção de uma peça jornalística...
Não sabia que ia custar tanto, mesmo tendo em conta que continuo na área da comunicação e a trabalhar sobre a temática predilecta e que abracei: a das tecnologias de informação e da sociedade do conhecimento.

E sobre essa temática penso continuar a dizer aquilo que penso, com a liberdade conquistada antes e tentando manter a imparcialidade e o rigor a que me acostumei como jornalista e que pretendo manter em todas as profissões e lugares por onde passarei.

Mesmo no Natal estou a olhar com receio para as vendas. O mercado está parado, os jornalistas queixam-se que não são marcadas conferências de imprensa e as empresas queixam-se da pouca apetência das pessoas para a aquisição de novos produtos. Mesmo sendo o Natal a época que é e mesmo com prendas tecnológicas a bom preço, o resultado não tem sido muito famoso. Mesmo nada.

Claro que o “clima” não ajuda. As pessoas necessitam de ter paliativos para mudar e muito embora haja um conjunto de tecnologias e projectos emergentes que são fundamentais e que estão a despontar um pouco por toda a Europa, ainda não têm o impacto, a presença e a força necessária para “alavancar” todo o mercado. É que não estamos a falar de novos sistemas operativos, não estamos a falar de nenhuma descoberta de “novas necessidades” e, acreditem, ainda estamos a viver a ressaca do “bug” do ano 2000.

Os novos modelos de negócio e a pura visão mercantilista da web também servem para semear a descrença entre os vários intervenientes do mercado, em especial para os mais antigos e que mantêm “aquele” espírito progressista e de uma nova visão para a sociedade. Mais do que meros modelos de negócio uns ao lado dos outros!

Por fim, a questão da rede. Eu quero continuar a forçar a tecla de referir que não podemos estar a vender sonhos. Falar de ADSL é referir casos gritantes de espaços, colados a cidades de dimensão que não têm possibilidades de ter banda larga tão cedo – o que é essencial para a instalação de um negócio.
Quando as cidades começarem a pensar em disputar mercados, tudo será diferente!!!

sexta-feira, dezembro 13, 2002

Obrigado!

Na vida tudo é relativo. E por isso, há situações em que somos obrigados a justificar com actos as afirmações que vamos fazendo. Pelo menos eu penso assim.
Estes devaneios filosóficos servem para justificar aquilo que vou escrever. Depois de dois anos no suplemento “Info&Net” da “A Capital”, irei mudar de actividade profissional, tentando mostrar que aquilo que dizia pode ser aplicado na prática.

Durante estes dois anos pretendi – sim, dado que por vezes não se consegue – incutir uma informação de qualidade compatível com a experiência e o reconhecimento que o “Info&Net” já tinha granjeado entre os seus leitores e fontes de informação.

Análise rigorosa, os melhores profissionais, notícias dadas a tempo foram algumas das facetas desse trabalho que serão mantidas sempre, numa perspectiva de qualidade que se pretende para este suplemento.

Ao mesmo tempo, foi meu objectivo dar a conhecer as várias facetas, não me deixar “cair” num jornalismo cinzento, de “press-release”.
Por fim, tentei que algumas das causas pelas quais me bati: o acesso à informação, uma mais rápida e eficaz divulgação das ferramentas de tecnologias de informação, telecomunicações e Internet e uma melhor comunicação fossem atingidas.

Relações conflituosas, é normal arranjar. Sempre com o intuito e a força da lógica que o meu papel é informar os leitores, lembrando-lhes que também é deles uma das maiores responsabilidades no estado democrático: manterem-se informados sobre as matérias que respeitam à sua cidadania e aos meios afectos pelo Estado à melhoria das actividades relacionadas com o cidadão.

Só que chega o momento em que, convidado para fazer parte de uma equipa responsável pela criação e execução das políticas ligadas à sociedade de informação, entendi por bem não poder responder a este desafio cívico, a esta nova condição profissional, a esta vontade interior de ser “agente de mudança”.

Agora, gerindo a comunicação da UMIC, unidade que responde pelas políticas de sociedade de informação e inovação no país tentarei que chegue uma informação correcta, em substância e em qualidade aos meios de comunicação. Ao serviço de um desígnio mais vasto: o de colocar Portugal como um dos países de referência no seio da Comunidade Europeia. Assim o desejo. Até breve!

sexta-feira, dezembro 06, 2002

Oportunidades…

A semana que passou era de presença obrigatória no Congresso das Comunicações. Estudos optimistas e técnicos pessimistas, gestores irritados e candidatos a políticos a afirmarem-se, este congresso das comunicações, com menos presenças e muito mais aberto nas temáticas demonstrou ser um interessante espaço de entretenimento. Se também o foi em termos de negócio, nesta época de crise, já há dúvidas...

A verdade é que circular por este espaço permite ter uma visão real do que se passa nas empresas portuguesas. Saber quais as que estão em crise (não aparecem), as que estão menos bem - são as que aparecem mas onde quase se nota os sapatos demasiado coçados - e as que se vão aguentando... A verdade é que a situação não está fácil para ninguém e mesmo empresas que foram consideradas "exemplos de sucesso", como a Altitude Software estão a passar dificuldades graves, algumas quase letais.

Em relação ao mercado de conteúdos, é fácil dizer que ele, pura e simplesmente, não existe ou está completamente moribundo. Na ânsia de receitas, perdeu-se de vista do que verdadeiramente são os dados de valor acrescentado para o consumidor, qual a lógica das subscrições ou a própria ética em relação às necessidades de financiamento. O panorama pode não ser animador mas temos a certeza que pior não pode ficar.

Mas um e-mail recebido dos Açores, tal como a minha própria queixa a sete quilómetros de Aveiro (e a igual distância de outras duas cidades…) faz-me lembrar como tudo aquilo que estamos a falar é muito superficial. Andamos todos a dizer que a banda larga é que é mas na Costa Nova ou Barra (espaços onde muita gente já tem a sua primeira casa) o cabo não tem interactividade e o ADSL não chega. Em Cedros, na ilha Faial, 20km (e no mínimo 20 minutos) da cidade de Horta, “claro” que também não há ADSL. Um leitor desta coluna perguntou e a resposta da PT foi simples: “não há previsão para as regiões remotas desta ou das outras ilhas”. O que falta, como o engenheiro electrotécnico que me escreve bem sabe, são só uns equipamentos electrónicos de conversão para instalação nas centrais telefónicas das freguesias, já que os cabos existentes são aptos para ADSL.

Pois… dá que pensar, não dá? E é a este assunto que irei voltar numa próxima crónica.

sábado, novembro 30, 2002

Ao trabalho

Numa semana em que todos os assuntos de interesse já foram antecipados - agradecemos, nós, jornalistas, a António Carrapatoso por finalmente alguém dar a cara no negócio das três operadoras que até agora eram sempre "fonts ligadas ao processo" - tento antecipar a época natalícia.

E se é somente nessa altura que se dão as prendas - e as "directas" sobre quem se portou mal - acho que estamos na altura de pensar um pouco no país e nas empresas portuguesas ligadas ás tecnologias.

Quer sejam especialistas em sites, quer sejam integradores ou consultores, quer apostem na inovação ou nas telecomunicações, as empresas portuguesas têm uma tarefa fundamental pela frente: modernizar o país. Pedir-lhes que tentem "vender" os seus produtos de uma forma digna e que façam ver aos gestores aquilo que é necessário ao negócio é importante. é que está nas vossas mãos lembrar que a "Internet" ainda é importante para a reorganização das empresas e que a sua correcta utilização, uma utilização realista ainda é factor para a economia de custos, reorganização de processos e melhoria das capacidades empresariais.

Não, não estamos a falar de realidades ultrapassadas mas sim da utilização corrente de um conjunto de facilidades que, acreditem, ainda não são utilizadas na maioria das empresas...

Não, não estou somente a falar como um fanático de Internet mas sim de uma correcta mentalização dos empresários portugueses para o recurso a um conjunto de ferramentas – sejas elas de apoio à gestão, à produção, à venda ou em todos os níveis – baseadas em soluções tecnológicas standards que lhes possibilitem ter vantagens competitivas.

Conhecer melhor o seu negócio, executá-lo de uma maneira sistemática e correcta ou saber como agir, na posse de uma determinada informação é fundamental… Quer saber como?

Bem, deixo-lhe o exemplo mais corriqueiro possível. Imagine um comércio tradicional em que o proprietário é também o único empregado. Se ele começasse a tomar notas, em papel e lápis (ou no computador) sobre a frequência com que os seus clientes entram na loja e compram (ou não), se calhar poderia optar por um horário mais flexível e mais adequado ao seu bairro ou área de influência. Simples?

domingo, novembro 24, 2002

Policial

Para um potencial escritor de livros policiais ou de espionagem tenho uma dica para lhes dar. A história tem todos os ingredientes necessários a um grande romance. Ora vejamos. Tem mistério, suspense, mudanças drásticas na vida pessoal e profissional dos intervenientes. Envolve, igualmente enormes montantes de dinheiro , negócios complicados, processos judiciais e junta no mesmo dossier política, economia e decisões estratégicas. Para quem esteve fora de Portugal nos últimos meses, claro que me refiro ao dossier Oniway.

Segundo as fontes bem informadas, quando estiverem a ler isto, já tudo estará resolvido. Já a EDP vendeu os activos da empresa operadora móvel de terceira geração aos outros três operadores por uma quantia irrisória, já o BCP fez contas à vida e já houve "champagne" na Optimus, Vodafone e mesmo na TMN. Com efeito, é interessante ter reparado no esforço significativo que estas operadoras fizeram para que a Oniway não entrasse no mercado. Desde processos legais, não aceitação de determinações do regulador, negociações ou contratos pouco ortodoxos, entre outras movimentações... Mas um dos accionistas da EDP, o Estado, também ajudou, não vendo com bons olhos a presença da empresa no sector das telecomunicações...

E como isso ajuda a lembrar à administração quem é que decide o quê... Claro que há sempre o outro lado, a outra face da moeda. Ninguém me conseguiu convencer que a entrada do quarto operador era má para os consumidores portugueses de telecomunicações. Ninguém consegue explicar a perda de 400 postos de trabalho, esfumados de uma semana para a outra.... Ah, e não me esqueço de referir que, se esta decisão for mesmo para a frente, o "mealheiro" da sociedade de informação sofre um rombo, devido a perder um dos contribuintes obrigatórios para os projectos de promoção da sociedade de informação, algo tão referido na altura da licença...

Lições a tirar desta história toda: quando fores para os negócios, prepara-te lendo o livro “Arte da Guerra” de Tzu e pensa no armamento que necessitas. Ao contrário da anterior fase de domínio pelo terror protagonizado pelas grandes potências – eu tenho a bomba e por isso não me atacas – o actual mundo dos negócios é baseado em informações estratégicas (leia-se espionagem) e sistemas de ataque modernos. Uma espécie de terrorismo global onde o uso de anthrax ou outras armas biológicas para infectar a opinião pública é possível, e usado com estratégia!

sexta-feira, novembro 15, 2002

Mentalidades

Tenho observado, com desgosto e/ou alguma pena que ainda há pessoas que não se preocupam minimamente com computadores, tecnologias e que exprimem publicamente esse desprezo. Considero ainda que há muitas famílias para quem as novas tecnologias podem passar ao lado da educação do seu filho. Esquecem-se, todavia, que estão a cerceá-lo de muitas vantagens, caso ele, por vontade própria, não avance os seus conhecimentos nesta área.

Ainda mais preocupante é quando pessoas que precisam de utilizar o computador de forma intensiva na sua área profissional remetem para os “técnicos”, aquelas personagens de ficção que lhes resolvem os problemas, todas as suas necessidades, não retendo os conhecimentos para uma futura resolução. E ainda para quem vai com ideias pré-concebidas para um emprego…

Uma resposta madura e realista para quem se candidata a um trabalho, que talvez não seja o dos seus sonhos, seria: "Eu tenho mil planos, mas não quero escolher agora e gostaria de experimentar este trabalho com vocês. Quem sabe não gosto?"

Cabeça aberta e disposição são duas qualidades apreciadas por qualquer empregador e devem ser apanágio do potencial empregado, que também não deve “falhar” na hora de ir aprendendo mais sobre o assunto.

Hoje, quando olho para minha vida profissional, constato que tudo que conquistei foi o resultado de três factores: as oportunidades que criei ou surgiram, a consciência do que significavam e a noção de estar bem preparado para elas ou ter a energia para o conseguir.

A vida dá voltas e não deve se fechar portas. Depois que se entra no mercado, aliás, é muito mais fácil mudar de rumo. E acreditem: as nossas certezas aos vinte anos são verdadeiras “tretas”… E a vantagem dos conhecimentos tecnológicos é que nos permitem aumentar as escolhas!

Claro que nem tudo depende do conhecimento que se tem da tecnologia mas a atitude pró-activa é sempre bem-vinda mesmo em ambientes hostis. E acredite que esses comportamentos não podem continuar por muito mais tempo pois o desenvolvimento tecnológico e o contacto de cada entidade com o exterior obriga a mudanças nestas áreas.

quinta-feira, novembro 07, 2002

Desilusão

A pergunta "da moda" na semana passada, aquela que todos os jornalistas, elementos na área da comunicação e mesmo pessoas ligadas às empresas faziam umas às outras era muito parecida: "então, a Inforpor vale a pena?"

Queriam desta forma questionar se a Inforpor e as outras feiras que se realizaram na FIL durante o mês periodo e dedicadas às novas tecnologias tinham aquele "je ne sais quoi" que as faz serem imprescindíveis. Bem, insatisfeito como sou, só posso dizer duas palavras: "Sim" e "Não".

Sim, porque a feira, e repito-me , é a melhor estrutura e a mais conceituada no mercado português e por isso é incontornável. Para além disso, o formato escolhido e as datas também me parecem adequadas.

Não, porque as empresas continuam a não estar presentes por si, não apostam na feira - mas querem que se fale neles - e é necessário dar um impacto internacional à mesma.

A verdade é que não aceito que me atirem os argumentos de dimensão. Há outras feiras em Portugal (como a dos automóveis) onde as marcas internacionais apostam, ou há produtos cujo marketing é preparado em exclusivo para a data... E isso ainda falta às empresas e à estrutura de uma feira em Portugal.

A outra sugestão é, digamos, é aplicar o princípio da concentração. Juntarem-se os responsáveis e fazer uma única feira...
Num trabalho que estou a realizar, dou-me conta que o futuro próximo dos telemóveis é já em Janeiro. Ainda não chegamos ao UMTS mas a tendência já é outra, completamente diferente de há seis meses atrás. Neste momento, as empresas apostam em produtos com MMS (todos ou quase), com tecnologia GPRS, ecrãs a cores e os de gama média/alta com funcionalidades de câmara fotográfica. São operadores e fabricantes a pensar no aumento das receitas através da transmissão de dados.

Outro conceito muito interessante é aplicado, a partir desta semana, pela Vodafone. O “Live” não é mais do que a integração entre os menus do telemóvel e os serviços oferecidos por Wap/GPRS do portal da Vodafone/Vizzavi. Parece uma ideia simples mas é, acima de tudo, extremamente eficaz. Facilita a vida a quem quer utilizar os mecanismos avançados, pois vem tudo já configurado e, é claro, aumenta as receitas de dados. A facilidade de utilização é outra das grandes vantagens! Mas sobre este produto falarei noutra semana.

sexta-feira, outubro 25, 2002

Requiem por uma empresa

Se as mais recentes noticias estiverem correctas, estaremos a poucos dias de um abortivo funeral. Um nado-morto, com mais de 400 pessoas no seu seio irá falecer vitimada pelos anseios dos seus accionistas de parecerem "meninos bonitos" na Bolsa. A lógica do negócio que se consolida lentamente está a ser deturpada por uma regra que serviu para tudo, até para a GRANDE CRISE do sector na América: a vontade de mostrar contas bonitas aos detentores de acções e aos analistas faz com que os gestores pensem a curto prazo e não a longo prazo. E não estou a falar dos gestores da Oniway mas sim aos da EDP. Lembrem-se que na altura em que foi lançado o GSM os analistas também diziam algumas barbaridades sobre o potencial da coisa...

Mas se entendem que é melhor afastarem-se (e o Ministro da Economia até quis ajudar) lembrem-se que estão a perder o comboio do futuro e a cingirem-se ao mercado de rede fixa... E mais não dá vontade de dizer. Apenas uma palavra para os funcionários, que estiveram a criar algo de bonito e que verão as portas da rua abrirem-se e os consumidores.

Esses, e mais uma vez me repito, ninguém os defende. Algum dos analistas que já se debruçou sobre a perspectiva de consolidação do sector móvel pensou que se em Portugal ficarmos com apenas duas redes - e mesmo tal como estamos, quem fica a perder é o consumidor?

Uma empresa entra no mercado porque acha que é uma oportunidade. Os concorrentes deveriam aceitar essa entrada e lutar com as armas minimamente éticas. Não me digam que quem quer a Oniway fora do mercado defende os consumidorees desse sector, porque essa eu não compro...

Mas nem só de más noticias está o mercado. Em relação à sociedade de informação, louve-se o Conselho de Ministros do passado Sábado que finalmente nos proporcionou uma alegria sobre a coordenação existente para a área. Finalmente resolvida a questão central do comando, ficaremos curiosos sobre a vitalidade de Diogo Vasconcelos, o indigitado presidente da unidade de missão para resistir a potenciais cortes orçamentais e fazer com que o Governo esteja online, tem mentalidade de online e avance decididamente nesta área. A Democracia electrónica avança em pequenos passos.

sexta-feira, outubro 18, 2002

Publicidades

Há um conjunto de perguntas óbvias que qualquer colunista deverá fazer ao seu público, ainda para mais se pretende escrever sobre o sentimento das pessoas em relação à economia. Será que a crise está a afectar os bolsos da classe média ou é apenas um fantasma?
As perguntas são várias. Qual é o seu sentimento? Estamos em crise? Estamos bem? Acha que as expectativas é que formam a sua opinião ou baseia-se em factos concretos? O estudo científico da vontade dos cidadãos daria, sem dúvida, matéria bastante para os “marketeiros” das nossas empresas. É que é pela base - saber a razão pela qual o “consumidor” adquire ou não o “meu” produto - que se poderá direccionar as campanhas, as promoções, e outras ferramentas com que se tenta o objectivo último de cada empresa: vender mais.

Mas será que tudo é possível de ser medido? Será que os factores instintivos - a publicidade é amarela, gosto da marca, é a que escolhe a minha namorada, etc - não desvirtuam a capacidade em analisar cientificamente as vendas?

Refiro-me a isto por uma mera opinião pessoal. Eu não tentaria denegrir o “produto” para vender a minha solução específica. Acho que essa estratégia poderia levar a efeitos perversos: talvez haja menos pessoas a ter uma opinião positiva em relação ao produto, talvez acontecesse que no processo de decisão as pessoas se lembrassem das críticas feitas ao mesmo e ainda, o que seria grave, as afirmações produzidas fizessem com que certas pessoas a quem já o vendi se lembrassem de me questionar acerca da qualidade daquilo que lhes vendi.

Qualquer semelhança com publicidades recentes na área é pura coincidência... É claro que me estou a referir à publicidade ao produto ADSL feita pela NovisNet que lembre que 70 por cento da pornografia é vista em horário laboral. E também lembram aos gestores que as pessoas sérias que estão a trabalhar podem estar a consulta a sua conta bancária, a ir às compras ou a jogar num qualquer casino.

Será que este tipo de publicidade leva o gestor a decidir-se pelo produto da empresa ou, antes a decidir-se por nenhum produto? Ou a comentar numa qualquer reunião que a Internet é aquela coisa “que só faz perder tempo” e ser “pouco produtivo”?

Acho que o “briefing” desta publicidade sofreu de “humorite aguda” e destruiu aquilo que, de bom, alguns dos outros promocionais da marca tinham conseguido para a mudança de mentalidade.

sexta-feira, outubro 11, 2002

A novela

Uma das grandes vantages de ser colunista de um órgão de comunicação social especializado prende-se com o evitar de escrever sobre aqueles acontecimentos curiosos, tipo novelas, que nunca mais terminam e que enredam cada vez mais os seus intervinientes, de cada vez que os assuntos são comentados. Safei-me, neste Verão, a comentar o caso Portas, o BB Famosos, a novela Jardel entre outros assuntos que passaram as "marcas" em termos de acontecimentos, com cenas caricatas de parte a parte.

Bem, isso pensava eu! Esqueci-me de um assunto-novela que dá pelo nome de "Interligação". A trama é interessante para engenheiros e advogados: coloca frente a frente conceitos tão díspares como operadores virtuais, redes UMTS, actos administrativos, entidades reguladoras que pouco regulam e empresas que juram estar a defender os consumidores.

Claro que os actores não são dos mais conhecidos e têm nomes esquisitos, cheios de siglas: ANACOM, Optimus, Vodafone, Oniway e, num papel secundário, a TMN. Pelo meio, alguns actores já sairam, outros tiveram que alterar a sua postura, e o imbróglio continua.

Os consumidores não tidos nem achados. E arriscamo-nos, se a novela continua, a manter uma política de preços móveis altos, sem concorrência à altura... Esperamos para ver...

sexta-feira, outubro 04, 2002

E-democracia

A semana passada foi fértil em eventos relacionados com a democracia electrónica, tendo culminado com algo de verdadeiramente sublime: as eleições brasileiras. Estou a escrever sem conhecer o resultado mas algo fica desde já como a maior vitória dessas eleições: todos votaram – bem, a votação é mesmo obrigatória – com uma urna electrónica!

Cada vez mais me convenço, por muitas conferências em tom pessimista que assista, que a e-democracia será uma inevitabilidade e que mudará a forma como se faz política. O perigo é que só mude uma das faces da "estória" e não todo o global da questão.
Quem me conhece sabe que defendo a apresentação da informação, quando oficial, de forma TOTAL. Não aceito e não acredito muito nas "falácias" de certos iluminados que referem, amiúde, nos seus discursos, que há certos documentos que não é necessário as pessoas ficarem a saber.

Um país que se quer moderno necessita destes tipo de ferramentas, deste tipo de actuação e os meios que a tecnologia lhe pode colocar ao dispor para isso são muito importantes. No entanto, há alguns entraves, especialmente a forma de financiamento destes modelos que é necessário rever e analisar de forma a obter uma verdadeira e-democracia sadia…

Não, não pode ser verdade. Sou contra a filosofia dos comunicados de imprensa que escondem a verdade da informação. Sou contra a não divulgação das matérias no seu estado bruto. E isso faz com que seja contra, da mesma forma, a forma como os meus colegas que fazem jornalismo online. Raramente tenho visto o aproveitamento das capacidades do online para dar aos cidadãos TODA a informação. E não só o escrutínio de alguém do qual não conheço as capacidades para decidir por mim.

Para a e-democracia ser uma realidade, é preciso que haja uma revolução de mentalidades, de aspectos culturais e da retirada do medo - sim, há pessoas que ainda consideram que não convém "refilar" porque o seu subsídio cai... ou poderão não ser seleccionados para o emprego da sua vida. Mas para a e-democracia ser uma realidade é necessário, como o Steven Clift confirmou, uma lógica de pequenos projectos, um amor à camisola enorme e uma crença muito grande nos princípios básicos da democracia, de acreditar que há pessoas que podem ter acesso a tudo e saber decidir com base em documentos globais.

sábado, setembro 28, 2002

Mercado estreito

Portugal é um país pequeno. Portugal aposta na inovação e consegue ter mercados competitivos. Portugal tem dado exemplos brilhantes de projectos que não ficam obscurecidos com o facto, óbvio, de sermos somente 10 milhões de habitantes e logo, de o mercado ser pequeno. No entanto, cada noticia que surge na lógica da concentração me asusta sempre, eu que vivo num Mercado como o do jornalismo em que a "banda" está estreita e que nem parece interessar aos "grandes" do sector. No entanto, não é por essa razão que me queixo.

A verdadeira razão é que os monopólios servem apenas para uma coisa: banda estreita de informação. E a tendência para a concentração no sector das TMT (tecnologias, media e telecomunicações) é por demais evidente e teve mais uma consequência a semana passada, com a compra do ISP Vizzavi pelo IOL.
Com este acordo, afunila-se cada vez mais a informação na Net e, ao mesmotempo, como todos os grupos em Portugal lêem pela mesma cartilha, acredito que daqui a uns meses estarei confinado à informação do meu ISP ou então do Diário Digital. Mas, curiosamente, e esta é a minha opinião pessoal como jornalista, continuo a achar a informação que recebo nestes sites "exclusivos" e a pagantes muito "Lusa".

A verdade é que eu gosto da nossa agência noticiosa mas estou certo que ninguém gostaria de comprar para ler todas as notcias que lê noutro órgão. A diferenciação é trave-mestra para o interesse em cada produto de comunicação social.. Os jornais são considerados de referência quando têm destaques, investigações próprias, não quando dão notícias em reciclagem... Quero apenas deixar um assunto para reflexão, para vos lembrar que ninguém usa a Net como devia. No decorrer deste caso "Moderna" ainda não vi nenhum documento para "download"... Esqueceram-se que a Internet serve para divulgar tudo, de modo a que o cidadão tire as suas próprias interpretações? Essa característica de análise é fundamental, a meu ver e permite perceber qual o objective do projecto que cada empresa tem entre mãos…

Obter e apresentar a informação e os dados para análise de uma forma eficiente e agradável à vista do leitor é importante. Manter a ética e a qualidade de leitura é muito importante. Manter a independência financeira e de ideias é fundamental. Este conjunto de matérias são importante demais para andar a brincar!

sábado, setembro 21, 2002

Cada um com…

Mesmo nesta fase de ciberpessimismo ouve-se falar, muito, em “estar” na Web. Mas há, ao mesmo tempo, sabe-se que dois em cada três sites na Internet não cumprem os seus objectivos… Sabem porquê? Porque a equipa de gestão estratégica não trabalha em conjunto com a equipa responsável pelo projecto Internet. Ou então o projecto Internet está entregue a alguém do marketing ou a alguém das vendas… Não, este tipo de projecto só vinga se tiver a equipa de gestão a comandá-lo, num conjunto multidisciplinar!

A primeira decisão que tem de tomar, sem falta, é: eu preciso estar na Internet? Sim, nem todo o produto se adequa à venda online. Por isso, terá que decidir se a sua presença na rede é um projecto de marketing (com espaço para informações do produto, da cultura da empresa e para descontos para clientes) ou então se o seu projecto contempla, para além disso, um serviço de vendas pela Internet.

Independentemente disso, lembre-se das regras de um estudo da Computer Science, do já datadíssimo ano de 1999, mas curiosamente actual e que apresenta os principais problemas que impedem o site de ter sucesso: falta de motivo, de organização, informações desactualizadas, ignorância dos paradigmas Web, excesso de propaganda institucional, informação enfadonha, falta de interactividade e falta de relacionamento.

Lembrem-se que a Internet é um “meio” perfeito mas antes de lá entrar necessita de saber o porquê… É que um dos grandes problemas de todos nós é o de conseguir entender todos os paradigmas quebrados pela Internet e adaptá-los ao futuro das empresas e instituições, uma arte em reformar a casa, enquanto ela anda…

No entanto, não esqueça o outro lado da história: não estar na Internet não significa necessariamente que a sua entidade/empresa não o esteja. Há necessidades de compras/informação/resolução de problemas e relacionamento com os clientes e fornecedores que serão resolvidos por este meio, para além de poder poupar nas comunicações. A sua presença na Internet deve ser entendida, assim, como fundamental: precisa saber, é claro, porque motivos, com que intenções e objectivos e com que dinheiro…

quarta-feira, setembro 11, 2002

11 de Setembro

Esta semana só podia escrever sobre o 11 de Setembro. Era inevitável. Porque nenhum outro assunto teve tanto impacto no modo de olhar as liberdades adquiridas, também na Internet…

Um estudo dos Repórteres sem Fronteiras, recentemente publicado e disponível no site da organização, em http://www.rsf.org confirma isso mesmo. Mas os jornalistas e outros apaixonados pela sociedade de informação também poderiam verificar isso nos relatórios, notícias e legislação, especialmente nesta última, publicados ou alterados neste último ano. Países com tradições de democracia parecem estar loucos e pensar que a Internet é um meio eficaz para todo o tipo de crime. É, sem dúvida, mas não é este tipo de regras que o irão encontrar. Nem com este nem com nenhum…

O que é certo é que grande parte das instituições estão a colaborar. Imaginem a seguinte situação, que não se passa no nosso país: a Polícia Judiciária pedir aos correios que antes de distribuírem as suas cartas pessoais dos remetentes para os destinatários, fizessem uma fotocópia e guardassem. Claro, e depois deixassem os polícias verificarem o conteúdo.

Surreal? Claro que com meios electrónicos, era bem mais fácil. Só que se acham que isto é mentira, desenganem-se. Isto acontece. Um pouco por todo o mundo. E para já, achamos que não acontece em Portugal.

A verdade é que, como meio, a Internet pode potenciar o trabalho em comum de uma equipa situada em países diferentes. Aliás, é um dos exemplos que eu mais gosto de utilizar: uma equipa que tenha fortes conhecimentos do seu objectivo de trabalho e que tenha capacidades de se concentrar na sua tarefa específica num horário pré-determinado tira garantias de qualidade fortíssimas da Internet. Pois. Já viram que a definição serve, exactamente, para tudo, mesmo TUDO, quer seja uma empresa de arquitectos ou os componentes de um comando terrorista?

No entanto, a Internet, como meio, também serviu para muito mais. Quem, como eu, acompanhou os acontecimentos de 2001 com um olho na televisão e outro no monitor do computador, a Internet também serviu para ligar a solidariedade mundial, a criação de testemunhos vivos e de grupos onde se discutiam as últimas informações ao mesmo tempo que se sabiam os mortos oficiais, se enviavam mensagens de condolências ou se sabia se determinada pessoa estava ou não no local.
Foram momentos dramáticos, inultrapassáveis e que marcaram a Internet como um espaço de ajuda, de convivência, de interesse… E é isso que importa sublinhar!

jmo@esoterica.pt

sexta-feira, agosto 30, 2002

Fim de férias

Com uma semana de atraso, o rumor confirmou-se. A ANACOM apresentou aos operadores interessados, isto é, todos, o seu projecto de decisão sobre a questão da interligação. Mais uma vez, para não parecer mal, este projecto de decisão dá razão à Oniway mas ainda vamos ter que esperar mais alguns dias para que esta notícia se transforme em realidade concreta. pois os argumentos dos operadores poderão alterar a ideia de Álvaro Dâmaso e seus pares.

O mais surreal desta história é que a ANACOM não fez eco desta decisão mas altos responsáveis seus tiveram o cuidado de informar jornalistas "amigos". Mesmo antes que os operadores... Sem mais comentários. Outro assunto curioso é que o principal operador português, a TMN, dá-se ao luxo de garantir, num documento enviado ao regulador, que tem dificuldades em preparar a terceira geração… Assim estamos de tácticas para se evitar o aparecimento de mais um operador no mercado…

Se num caso estamos perto de uma decisão que condiciona, de alguma forma, a questão da concentração, as notícias da última semana deram-nos outro motivo de conversa: a Vivendi quer alienar a Vizzavi à sua parceira de joint-venture, a Vodafone. Se em relação a Portugal ainda não há negociações oficiais, esta já é a realidade internacional, transformando-se a Vizzavi no "verdadeiro" braço da Vodafone para a Internet, provavelmente com outra marca ou mesmo com o nome da casa-mãe, que já detinha a gestão da empresa. Alteração de políticas ou não, isso já é outra história…

Se de crises está o mundo cheio, há uma notícia, verdadeiramente interessante, difundida graças à Lusa. O WWF fez um estudo, interessante, sobre as potencialidade da Internet para o desenvolvimento sustentável. Era interessante que os profetas da desgraça lessem o documento, que está disponível no site da World Wildlife Fund, em ou www.panda.org e reflectissem naquilo que é um planeamento sério e um pensamento coerente sobre as potencialidades das novas tecnologias para a cidadania e desenvolvimento sustentável.

Nas próximas semanas este editorial vai ter uma antevisão de um futuro "online". Gostava que comentassem a sua pertinência e as tendências que dita. Para discutirmos em conjunto o futuro...

sábado, julho 27, 2002

Imaginário

Dou-me conta, ao colocar o "texto em página", que a diferença dos títulos desta semana para o da semana passada, é muito pequena. Um recurso estilístico para chegar a conclusões radicalmente diferentes... e curiosamente unidas pela necessário "imaginação" a que temos que recorrer para aumentar o nosso "imaginário" virtual.

Esta semana tive a oportunidade de dar uma volta em DVD – tecnologia digital, é claro, por alguns filmes cujo argumento se desenrola, de várias formas, no mundo digital ou se usa e abusa de efeitos especiais. E já nem falo dos filmes de ficção científica, cuja tecnicidade vai ao ponto de se imaginar a comunicação publicitária do futuro - como vai ser feito em "Minority Report".

Mas voltando à temática, dei uma vista de olhos por Final Fantasy (um filme digital de animação a tentar imitar corpos reais) como contraponto ao "Resident Evil" de que vos falamos no Destaque. Se os dois começam numa lógica de jogo, o seu conteúdo, forma de apresentação e estrutura são completamente diferentes.

Diferentes, também, são alguns outros filmes míticos desta temática. Desde o velhinho "The Net" com uma Sandra Bullock programadora até "Hackers", passando por exemplos recentes - mas com destinos cinematográficos diferentes: enquanto que "Conspiracao.com", o nome português de Antitrust chegou às salas portuguesas, a luta entre o conhecido Kevin Mitnick e Tsutumu Shimomura "Takedown" ficou pelo mercado de aluguer e compra directa de DVD. Em formato digital, pois então.

Mas este repositório de filme não fica completo sem aquele que, para mim, mais simboliza um modo de vida digital, mais conseguirá convencer as pessoas que a Internet não é um "bicho-papão" mas sim de simples, com pessoas dentro e não somente máquinas. Sim, estou a referir-me ao semi-lamechas mas verdadeiro "You've got mail", o blockbuster com Meg Ryan e Tom Hanks que, tenho a certeza, deve ter conquistado muitos "internautas". Enquanto aos outros já vão os habituais fãs da Net...

O mundo do cinema consegue encantar crianças e adultos, já diria Steven Spielberg. Eu continuo a pensar como ele, como uma criança grande em busca de um sonho. Neste caso um sonho digital, que me sirva e que me ajude. É que as máquinas ainda são bichos complicados… E é nossa tarefa melhorá-los…

De férias não irei, estejam descansados. O meu e-mail continua aberto para as vossas ideias, sugestões, casos de sucesso ou de fracasso nas novas tecnologias…

sexta-feira, julho 19, 2002

Imaginação

Portugal vai precisar de imaginação nos próximos tempos... Muita imaginação e algum rigor, regras claras e decisões céleres. Para que a sociedade de informação possa sorrir nos próximos tempos, e Portugal possa continuar no pelotão da frente das estatísticas e, mais importante do que isso, possa cativar as pessoas para uma utilização das novas tecnologias de modo a que consigam ter mais participação nos processos de decisão governativa.

A verdade é que as tecnologias estão aí. Ligação à banda larga - mas ainda não a preços massificadores, telemóveis com mais capacidades do que as que utilizamos, sites Internet que vão vingando. A descrença, essa sim, aquela característica madrasta que habita na mentalidade dos portugueses, é que também vai barrando tudo aquilo ao qual os portugueses têm direito...

Não temos ainda Televisão Digital Terrestre. Mas teremos. Não temos ainda UMTS - mas precisamos é que as operadoras se entendam para que se interliguem nos serviços GPRS, nomeadamente no MMS que tem virtudes que as pessoas querem experimentar. Não temos muita banda larga, é certo, mas a procura de ADSL foi maior nas últimas duas semanas do que no ano passado... Os nossos sites vão definhando sem apoios credíveis para sobreviver. E todos sabemos que as centrais de compras de espaço publicitário não sabem funcionar da forma mais correcta - quer seja na Internet quer offline. Porque não conhecem as palavras "especialização", "captação de público-alvo" mas somente a palavra "rappel"...

A imaginação que precisamos vai condicionar o país. Portugal precisa de acreditar que os serviços vão mudar, precisam de ter uma nova mentalidade e também de acreditar que o uso de um computador e de uma ligação à Internet é fundamental, quer seja no emprego ou em casa. Possuir um e-mail é quase tão importante - e se calhar vai ser mais - do que não esquecer de andar com o bilhete de identidade no bolso...

Se houver rigor e seriedade, Portugal será capaz de ombrear com os melhores exemplos e práticas europeias e mundiais. Ou pura e simplemente, queixar-se de mais esta oportunidade perdida. E é extremamente importante, senão vital que Portugal não perca esta caminhada rumo a uma sociedade ainda mais desenvolvida e próspera. As tecnologias são necessárias, úteis e bem introduzidas no quotidiano são ferramentas, não empecilhos a temer.

jmo@esoterica.pt

sexta-feira, julho 12, 2002

Esperança

Esta é daquelas semanas mesmo estranhas. Uma série de boas notícias podem desaparecer num ápice, quando se lê a história, sempre triste, da morte de alguém mais novo. Ainda para mais quando é alguém brilhante, que deverá estar a escrever programação noutro lado, sempre a pensar em distribui-la de forma livre. Com efeito, o movimento “open-source” perdeu uma das suas referências e a Sun Microsystems ficou sem uma mente muito brilhante que não conseguiu resistir ao sufoco da vida diária. Chamava-se Gene Kan, tinha 25 anos, era um dos mais conhecidos programadores de tecnologias P2P. tinha sido considerado pela Time Digital um dos doze “a observar”, as estrelas do momento e do futuro...

As outras notícias poderiam levar-me ao maior sorriso. Com efeito, tudo o que aconteceu nesta semana preconiza, se a natureza das coisas seguir o seu rumo normal, boas notícias para os consumidores portugueses, em especial para os que utilizem de forma “voraz” as novas tecnologias de comunicação. Com efeito, ao mesmo tempo que a oferta de ADSL ao mercado residencial via nascer novas ofertas - e uma curiosa e divertida luta para ser o primeiro a lançar o novo produto - o mercado das comunicações móveis assistiu a mais uma prova de força da Oniway . Rede em testes, pronta a ser lançada, embora em GPRS.

Atacando, até nas instâncias comunitárias, quem não permite a sua entrada no mercado - e cada vez mais estes acontecimentos são um “opereta” de bolsa... - a equipa de António Vidigal demonstra uma verdadeira “La pallissada” do nosso país: temos muitas leis mas não temos multas em condições. Aquelas multas dissuassoras que obriguem ao respeito e evitam situações de abuso de determinadas posições que podem ou não ser legais mas decerto que não são benéficas para o consumidor... Alguma vez deixaria o carro mal estacionado se soubesse que tinha garantida a multa de 200 euros? Agora neste país, as coisas não são bem assim. Embora pareçam...
É que quem não é de Lisboa ou Porto quer ligações à ADSL mais depressa, mais baratas e melhores e os que usam e abusam de telemóveis não têm onde escolher porque os planos tarifários são todos iguais. Não queremos estar à espera mais de um ano por uma tecnologia que outros já utilizam e tiram partido, o que imediatamente provoca desequilíbrios regionais... Não digo que é cartelização mas que quem não tem ganho muito é o consumidor...

sexta-feira, junho 28, 2002

Inconfundível dúvida

Há coisas que não são para perceber mesmo... Pelo menos é o que eu penso, quando leio certas notícias...

Expliquem-me por favor. Em vários jornais é referida a participação portuguesa na cimeira europeia para a área de telecomunicações e sociedade de informação, que aprovou uma pacote de medidas e que também avançou com o eEurope... Esta temática, esquecida por grande parte dos órgãos de comunicação social portugueses - especialmente na componente de análise sobre as suas consequências - tem tido uma importância pequena e restrita a poucos órgãos especializados, o que acho estranho derivado à real necessidade, achamos nós, de saber muito bem aquilo que se aprova lá fora para executar “cá dentro”...

Para além do destaque que lhe deveria ser dedicado, é de importância fundamental que as regiões e todos nós sem sintam capazes de ver aquilo que será possível fazer com este plano de acção. É que não estamos apenas a falar de temáticas relativas ao “gueto” digital. São assuntos tão importantes para o dia-a-dia das pessoas como as acessibilidades ou a educação. Exactamente porque se interligam. Acho que é um mero serviço público... falar sobre o assunto. E se a culpa é da comunicação social – e dos leitores, que querem ler é as tricas do futebol – os nossos governantes também não estão isentos de culpa.

Aquilo que não compreendo foi a representação portuguesa na tal cimeira. Mais concretamente, estiveram em Sevilha Dulce Franco e Valente de Oliveira. Se a primeira ainda se compreende, dado ter a pasta das telecomunicações no Ministério da Economia, já Valente de Oliveira parece um “corpo estranho” na engrenagem... Se há um Ministro-Adjunto do Primeiro-Ministro com essas competências, se também há um Ministro da Ciência com “algumas” das matérias mais interessante do plano de acção, qual é a lógica disto? Esperemos que este assunto fique resolvido rapidamente para que em Portugal se comece a ter mais literacia digital, rumo ao verdadeiro e-gov. Aqui, nesta coluna, tentarei dar a conhecer o verdadeiro Estado da Nação digital...

Mas as dúvidas também se colocam numa vertente muito mais prática do dia-a-dia dos portugueses. Em duas conversas com responsáveis de empresas fabricantes de hardware retive a velocidade avassaladora dos “ciclos de vida” dos produtos. Derivados dos avanços, é capaz de um modelo de computador, seja portátil ou não, apenas estar numa loja cerca de dois/três meses, sendo substituído pelo modelo mais recente... Imaginem agora a vossa dúvida mais profunda: compro ou não? Mas a verdade é que há uma resposta correcta no meio desta velocidade. Só comprem um computador quando precisarem dele...

jmo@esoterica.pt

sexta-feira, junho 14, 2002

A cor nos telemóveis

Estamos no advento de uma nova realidade no que concerne aos pequenos aparelhos que pendem das nossas mãos, bolsos e carteiras. Sim, o telemóvel está a mudar, de forma muito rápida e iremos sentir essa diferença já nos próximos dias - o que quer dizer que para o público em geral a mudança se sentirá no final do ano, princípios do próximo...

A lógica é simples: a introdução de novas "características" nos telemóveis é feita, por norma, nos telemóveis "premium", os topo de gama. Produtos que chegam ao mercado a 500/600 ou mais euros - acima da nossa antiga unidade cem contos... - e que depois, mercê da política de preços, campanhas ou políticas de fidelização, começam a co-existir com outros produtos, de preços mais baixos mas de igual potencial...
Isto sempre aconteceu mas haverá algo que o potenciará: três novas características, o GPRS, o MMS e os ecrãs a cores que vão existir em conjunto e educar a população para uma utilização, no mínimo, diferente, destes pequenos aparelhos.

Para quem usa computadores, sabe qual a grande vantagem de estar sempre ligado à Internet. Notícias actualizadas, serviços na ponta dos seus dedos, comunicação instantânea. O mesmo se aplicará aos telemóveis, que permitiram uma utilização multimédia, de forma simples e integrada. Actualmente já tinhamos PDA que podiam tirar fotografias mas que depois precisam de um outro módulo par as enviar para outro local. Agora isso já não é necessário... E milhentos outro serviços também poderão tirar partido destas características...

Estava com um colega meu a lembrar-me que o telemóvel - que até pode não ser uma grande miniatura - deverá ser como uma chave universal do futuro - servir para fazer pagamentos, como bilhete de cinema ou de parque de estacionamento, para comunicar e para trabalhar. Saber stocks, saber se tenho dinheiro para comprar uma determinada peça de roupa ou pura e simplemente para mandar uma mensagem multimédia para outras pessoas. Esse mundo novo não precisa de muito, porque as tecnologias-base estão já no mercado comercial: precisam de ser miniaturizadas, compactadas e postas à disposição, de forma lenta mas correcta, do público. É que este consegue ser ao mesmo tempo das entidades mais futuristas ou conservadoras - tudo depende da forma como são anunciados os produtos ou características...
Sabemos que estamos perto deste futuro. Aliás, ele já está a chegar... E por isso, quem gosa de estar na onda terá que o acompanhar...

sexta-feira, junho 07, 2002

O mercado está mau. pelo menos é o que todos dizem, desde o merceeiro ao inevitavelmente pessimista motorista de táxi - não que eu tenha nada contra a classe, que me conduz para todos os lados. Mas o sentimento de pessimismo continua a existir, quer em Portugal quer em grande da Europa e esse sintoma é pior quando estamos a falar do negócio das tecnologias das informação.

Uma das empresas conhecidas desta área, a KPNQwest entrou em ruptura no final da semana passada. Felizmente, a filial portuguesa, antiga Eunet está a fazer pela vida e o seu cash-flow positivo permite pensar em aguentar-se sozinha, estando mesmo a pensar voltar à antiga designação... é uma das poucas notícias agradáveis da semana e também tem um significado simbólico: é que foi a empresa que esteve na génese da Internet em Portugal. Quem é que, dessa altura, não se lembra do PUUG e da própria EUnet? Para quem esteve no início da Internet seria uma pena que actores tão importantes saissem do mercado...

Acredito que o mercado está mau mas não tão mau como o pintam. Um estudo da PWC Consulting, de grande categoria e do qual irei referir em próximas edições aponta os caminhos futuros para o sector das tecnologias de informação. Mas aquilo que eu acredito mesmo é que estamos numa fase de oportunidades.
Oportunidades essas que estão somente ao alcance de quem tem visão - não dos patos-bravos que costumam se seguir - e mesmo assim apenas do que tenham o cuidado dos mais previdentes.

As oportunidades passarão pelo Estado, que terá que se modernizar ferozmente - pelas novas tecnologias e seu modelo de negócio e pela banda larga, muito embora esta possa ser mais um mito, caso os serviços não sejam baseados num preço justo... Qualquer empresa terá que pensar em digital, qualquer entidade pública ou privada terá que pensar no seu cliente/utente.
Sem essa lógica, sem uma preparação futura para as novas tecnologias, a empresa estará condenada...

Para o cidadão comum, cada nova vaga tecnológica precisa de ser amadurecida e tratada. Também ouvi uma frase que me ficou na memória: é que para quem está tão envolvido nas novas tecnologias, como os gestores do meio e os jornalistas, as novidades não são tão novidades como isso. Mas para o cidadão comum, as novidades são verdadeiramente interessantes - só que nem tudo vale a pena e certos pormenores que por vezes são considerados fundamentais não interessam minimamente ao cidadão comum...

sábado, junho 01, 2002

Desabafos jornalísticos

Há dias em que dá um grande gozo ser jornalista. Outros em que sentimo-nos frustados por ter, do outro lado da linha, entidades que não compreendem que a nossa missão é informar e que todos os silêncios, mesmo que sejam “coerentes” segundo a opinião da empresa, não são correctos.
Há jornalistas e jornalistas. Bons e maus. Alguns éticos, outros nem por isso. O dia-a-dia do contacto com as fontes permite, mais do que um texto ou outro, que essa destrinça seja deslindada, de modo a que quer a empresa quer a jornalista saiba aquilo que podem contar... Aceito que as empresas, “usem” o silêncio.

Dada a lógica comercial de algumas das medidas, é natural que aquilo que se “pode” saber seja diferente daquilo que o jornalista está interessado em saber. Também aceito que certos colegas de profissão não sejam o mais correctos com certas empresas. Aliás, as fontes deveriam saber - ou as agências de comunicação deviam fazer o seu papel de consultoras - com quem estão a lidar e a melhor forma para isso...

De qualquer forma, aquilo que eu não entendo é a lógica de certas empresas que TUDO é segredo, que nada pode ser dito. E depois não aceitam os péssimos resultados das suas agências de comunicação. Que tentam, que tentam mas não conseguem...

O curioso é que com a Internet, basta um pouco de intuição, algum conhecimento das ferramentas ao dispôr e tempo para que um jornalista saiba coisas que o próprio empresário, ministro ou muitos outros interlocutores não sabem. E isso é algo de bom porque tira "o sagrado" que, no antigamente - na era antes da Internet - todos faziam de certas referências.

Nos tempos que correm, acho incrivel que certos jornalistas ainda se sujeitam a acreditar em terceiras fontes, quando está aos eu dispôr os verdadeiros objectos de análise jornalística. Um discurso de Bill Gates é tão fácil de encontrar como os resultados de uma empresa cotada ou uma explicação mais ou menos sumária de um determinado processo científico ou tecnológico.

Bem, basta de falar de jornalistas... O ministro José Luis Arnaut criticou publicamente uma parte do trabalho socialista na área da sociedade de informação, lembrando que os sites têm falta de estruturas transaccionais, e que é necessária uma mudança. Todos estamos de acordo que é preciso muito mais, como ainda há dias a Accenture confirmou...

Sugiro, é claro, ao ministro Arnaut que comece a mudar tudo. Ou então a reabrir alguns sites que estão em remodelação desde as eleições... Algo que não pode acontecer em democracia é a tentativa de guardar para si os números menos interessante e divulgar os outros. Os jornalistas que têm a Internet como a sua ferramenta e a verdade como princípio básico não perdoam.

sexta-feira, maio 31, 2002

Dinheiros

Esta semana estive indeciso sobre qual o assunto a escrever. Como esta indecisão mantece-se até à meia-noite de quarta-feira, decidi escrevinhar sobre três assuntos, que demonstram um pouco da nossa actual vidinha tecnológica lusitana...

Primeiro, a área dos telemóveis. Portugal é uma caixa de “ensaio” de tecnologias, produtos e serviços. Aquilo que muitas das empresas que trabalham para este sector já o diziam há muito tempo, mostrando os nossos inventos e aplicações práticas, também o cidadão comum o pode dizer. Somos dos primeiros países europeus com o serviço de mensagens escritas multimédia, com empresas aguerridas no mercado e a darem luta - umas vezes por dias, outras vezes por horas. Onde uma diz “experiência”, a outra reclama “lançamento comercial” e assim sucessivamente. o que é bom sinal para o consumidor. Veremos como é que o quatro operador se irá portar... Mas que tem dificuldades próprias de quem terá que “suar” muito, isso não há a mínima dúvida...

O serviço MMS tem tudo para ser um sucesso. É atraente, viciante e cativa a nova geração, que se inventou um código muito próprio nas mensagens escritas irá aumentar as suas possibilidades agora com o auxílio do multimédia. Imagino o dia em que haverá concursos diários para sabermos qual a melhor imagem multimédia e não faltará muito para termos muitas anedotas cómicas enviadas dessas formas, com sons a condizer...

Segundo, uma pequena notícia de um jornal diário demonstra aquilo que a burocracia não consegue emperrar - a nossa capacidade empreendedora, os nossos empresários com garra e, curiosamente, a demonstração que o sector das TIC é forte, pois resiste a candidaturas que “estão completamente bloqueadas”. Existir o caso de um SECTOR - sim, um sector como o das tecnologias de informação que está sem receber dinheiros do Plano Operacional de Economia, o conhecido POE, porque, simplemente, não há capacidade técnica para avaliar os projectos é muito ridiculo... Se fosse outro sector, já os comunicados seriam inúmeros...

Terceiro, o projecto Star.pt também demonstra que há verdadeiros empresários Internet. Pedro Reis e Sandra Cóias souberam apostar num produto correcto, com uma lógica igualmente eficaz e o seu Star.pt é um marco na nossa Internet que, tal como o país, não é mais do que meia dúzia de projectos com grande qualidade mas sem dinheiro e com muitos outros que não precisavem de ter dinheiro...

sexta-feira, maio 17, 2002

Desilusão

No final da semana passada levantei-me mais cedo da cama para ir, mais uma vez, à Exponor. Dado que sou de Aveiro, já não é a primeira vez que vou aquele espaço, do qual tenho boas recordações. Desta vez ia à Portugal Media, este ano com mais um nome a criar grandes expectativas - o da Fenasoft.

Apelidada assim de Portugal Media/Fenasoft Europa, a feira prometia, tendo também um congreso - ou melhor dois, um técnico e outro para os gestores - paralelo.
Aliás, eu tinha óptimas impressões da Portugal Media, quando lá tinha ido pela primeira vez, em 2000, numa altura em que a feira era um grande espaço onde se conjugava as tecnologias de informação, a área da publicidade e também tudo aquilo que lhe dava o nome: os media.

Bem, aquilo que posso dizer é que foi uma grande desilusão. Daquelas que dá vontade de escrver em letra grande, não fosse estar convencionado pelas novas tecnologias que isso significa GRITAR...

Gritar de raiva e de descrédito. Claro que vou dar mais uma oportunidade à Portugal Media/Fenasoft europa. Porque continuo a achar que a parceria com a Fenasoft, se não for só de nome, servirá para o futuro.

No entanto, e para já, Portugal só tem uma feira de jeito. Uma feira chamada Inforpor, capitaneada por uma jovem e dinâmica Alexandra Vasconcellos e que apenas precisa lembrar às empresas aquilo que se faz lá fora: uma feira é para apresentar NOVIDADES, uma feira é para ter press-releases produzidos com tempo e qualiadade e ter tempo para todos, jornalistas e profissionais.

Se conseguir isso, merece os parabéns e o crédito maior de quem continua a mostrar aquilo que é uma feira. E a pergunta, que outros meus colegas já fizeram mantém-se. Terá Portugal espaço para mais uma feira?

sexta-feira, maio 10, 2002

Mea culpa, sr. Ministro

Numa conversa circunstancial, das muitas que um jornalista tem ao longo do dia e nas quais vai apanhando pequenos fragmentos de interesse que irá reconstruir quanto tiver tempo, fiquei a saber que as palavras eleitorais de Durão Barroso queriam dizer - se é que ele queria mesmo dizer aquilo...

Por outras palavras, a estrutura e a política do Governo de Convergência Democrática para a área da sociedade de informação irão estar concentradas no “inner circle” de Durão Barroso. O primeiro-ministro irá, ele próprio, conduzir a gestão política deixando a componente operacional ao ministro-adjunto, José Luís Arnaut. Assim, discretamente, cumpre uma promessa eleitoral - não com as pessoas que se supunha mas enfim - e mantém uma estrutura de Governo reduzida, algo que prometeu quando viu quão depauperadas estavam as finanças públicas.

Claro que ainda há perguntas no ar. Quais as estruturas que irão ficar, aquelas que eram fundamentais ao desenvolvimento desta área ou as que irão estar divididas em tarefas decorrentes de duas ou mais tutelas. A gestão do POSI fica com José Luís Arnaut. E o Observatório da Ciência e Tecnologia, cujo trabalho na área dos dados sobre informação foi fundamental, fica no MCES? E a CISI - Comissão Interministerial para a Sociedade de Informação? E todos os projectos integrados como aqueles que estão enunciados no programa de Governo, nomeadamente as redes avançadas para a área da educação e ciência? Mais importante, como é que ficará a Agência de Inovação, que estava a trabalhar na órbita exclusiva do ex-MCT?

Aquilo que é certo é que a iniciativa legislativa na área será da responsabilidade directa do gabinete do primeiro-ministro. O advogado especialista em propriedade industrial será a “alma mater” da politica de sociedade de informação em Portugal e todos estão à espera de saber o que ele pretende para o país.

Para o fim que deixar outro tópico de conversa no ar. As novas tecnologias, a sua convergência e as necessidades que podem ser satisfeitas através delas podem ser motivo de gozo, incompreensão ou descrença. O cidadão informado deve batalhar pelas suas ideias dado que as novas tecnologias poderão dar muito mais vitalidade e justiça aos seus propósitos. Deixo-vos um exemplo: em Aveiro, um grupo de cidadãos obrigou a Câmara Municipal a discutir um assunto polémico - a destruição de uma casa classificada - em Assembleia Municipal. Sabem como? Construindo uma simples página Internet com um sistema de abaixo-assinado e pegando nas assinaturas (claro que convém ter um legalista ao lado) obrigou a "petição" a ser discutida. Se serve para alguma coisa? Serviu para que quinhentas pessoas com a mesma ideia ajudassem um ideal com um clicar de dedo. Pensem nisso...

sexta-feira, abril 26, 2002

Multimédia com necessidades

O mercado português do “multimédia” offline acordou esta semana de uma letargia que já se prolongava há meses. Bem, o mercado multimédia português que temos, é claro. Num mercado onde poucos apostam - o que só realça a actividade contínua da Porto Editora e do seu centro multimédia - e onde o CD-ROM para suporte de conteúdos interactivos já não se mostra actractivo para um consumidor que ainda não tem acesso em banda larga à Internet e que não está interessado em gastar alguns cêntimos em subscrições...

Um dos dois estudos que sairam esta semana sobre multimédia deixou algumas interrogações - ou ele foi mal dirigido ou os portugueses só consomem jogos no que concerne ao multimédia. Eu até acredito na segunda hipótese porque não acredito que quando se pergunta sobre uma marca de multimédia em portugal apareça em terceito lugar uma que já se extinguiu há mais de três anos...

As grandes casas do multimédia português são editoras ligadas ao segmento educativo. Nunca houve em Portugal um apoio forte e um incentivo - porque acho que poderiam existir capacidades - no maior mercado que existe, em termos multimédias: os jogos. Aqui, como em outros sectores, a pequenez do país é a resposta mais ouvida na profusão de justificações para o pouco investimento. A exemplo do cinema, as nossas actividades princípais são a legendagem, a adaptação para português e a distribuição...

Será que poderá ser de outro modo? Será que o multimédia português - online e offline - tem, efectivamente, futuro? Não sei. não quero transparecer algum pessimismo global mas as notícias mais recentes não me deixam pensar em futuros risonhos. Quando se fecham projectos com estabilidade e nome... Quando não temos determinados serviços e produtos numa língua que é a sexta mais falada do mundo...

Curiosamente a semana passada também ficou marcada pela entrega de prémios referentes ao Prémio Nacional Multimédia. Num jantar muito ao estilo "Hollywood", notou-se que a qualidade - on e off line - é algo que está intrínseco em termos de criatividade, inovação e opções técnicas/programáticas. Será que são apenas os meios económicos, o mercado, que nos condiciona?

Nos últimos meses foram realizadas, em CD-ROM, um conjunto de obras com grande valor para a área da literatura e multimédia. O futuro poderá ser interessante para coleccionadores, historiadores e outros grupos? E trabalhos para o cidadão comum? Para aquele que pretende apenas saber algo mais? Ou somos assim tão poucos?

Porque é que o mercado multimédia tem de ser à semelhança do sector do audiovisual e não igual ao da telefonia móvel? Gostava de desafiar os agentes do mercado a entrarem nesta grande debate.

jmo@esoterica.pt
João Manuel Oliveira é editor do suplemento de novas tecnologias da "A Capital"

sexta-feira, abril 19, 2002

Expectativas mínimas

Foi com todo o gosto e alguma alegria que acedi ao convite da minha colega Lídia Bulcão para escrever para o "Tribuna das Ilhas" sobre novas tecnologias. Sinto que a sociedade da informação e do conhecimento é a maior ajuda que os cidadãos dos Açores - e outros locais afectados pela insularidade - podem ter de modo a mitigar os problemas derivados das condicionantes espaciais. Se há sítio onde a administração pública electrónica é algo de primordial é em locais como os açores, onde perder tempo numa repartição pública ou fazer algum dos actos obrigatórios poderá implicar a perda de dias. Sempre que queiram, usem o meu e-mail para sugestões e opiniões sob a temática das novas tecnologias, Internet e "e-government".

Numa conversa de café, e quem não as tem(!) lembrei-me que, enquanto discutimos as necessidades para a área da sociedade de informação e do conhecimento, esquecemo-nos por vezes - e, infelizmente, a Administração Pública também - que o fundamental da tecnologia não são os “bytes” mas aquilo que poderemos fazer com ela. Uma verdade de La Palisse que parece contradizer a realidade. é que a mesma tecnologia que é usada para saber quem é o concorrente mais apreciado nos “Big Brothers” ainda não serviu - nem ouvi nenhum autarca lembrar-se dessa possibilidade - para auscultar os cidadãos deste país ou de qualquer concelho sobre as opções de um problema local, ou para informar sobre determinada solução da administração pública. Meus senhores, usem a vossa imaginação... e a tecnologia!

Em relação aos novos ministros e secretários de Estado, lembrei-me também das circunstâncias iniciais, na campanha eleitoral do PSD. Tudo começou num hotel de Lisboa. Cerca de trezentas personalidades dos vários quadrantes do sector das tecnologias de informação, inovação e ciência estavam presentes num seminário organizado pelo PSD. Desde os desiludidos ou ressabiados do “marianismo” aos que advogam uma maior participação das empresas privadas na economia digital, todos parecem ter gostado do discurso de Durão Barroso. Criteriosamente, a política desenhada no seu discurso parecia satisfazer o melhor de dois mundos: continuar o (muito) que de bom foi feito por Mariano Gago e aumentar e melhorar a política tecnológica. Para isso, Durão Barroso definia claramente a sua estratégia e integrava a sociedade de informação no seu domínio político.

Desde esse dia até hoje, passou pouco mais de um mês e meio. Conhecido o Ministro da Ciência e Ensino Superior - até a tecnologia caiu - as dúvidas instalam-se entre os actores do sector. Claramente, venceu a lógica do ensino superior e apenas um secretário de Estado, que não deslumbra nenhum dos "actores" deste sector...

Continuar o que de bom se fez na Ciência e Tecnologia e melhorar a política tecnológica é essencial. Saber se um ministro que já não tem desculpa para não conhecer o “@” digital mas que parece estar mais preocupado com os gastos do Ensino Superior poderá conseguir isso e dar um novo impulso à Sociedade de Informação, é outra coisa. O mais estranho é colocar de lado, de forma clara, quem optou por ajudar e escolher baseado numa lógica de amizade. Quem se interessa pela Sociedade de Informação vai continuar na expectativa. Sabendo que não quer perder aquilo que conquistou...

jmo@esoterica.pt
João Manuel Oliveira é editor do suplemento de novas tecnologias da "A Capital"