domingo, novembro 24, 2002

Policial

Para um potencial escritor de livros policiais ou de espionagem tenho uma dica para lhes dar. A história tem todos os ingredientes necessários a um grande romance. Ora vejamos. Tem mistério, suspense, mudanças drásticas na vida pessoal e profissional dos intervenientes. Envolve, igualmente enormes montantes de dinheiro , negócios complicados, processos judiciais e junta no mesmo dossier política, economia e decisões estratégicas. Para quem esteve fora de Portugal nos últimos meses, claro que me refiro ao dossier Oniway.

Segundo as fontes bem informadas, quando estiverem a ler isto, já tudo estará resolvido. Já a EDP vendeu os activos da empresa operadora móvel de terceira geração aos outros três operadores por uma quantia irrisória, já o BCP fez contas à vida e já houve "champagne" na Optimus, Vodafone e mesmo na TMN. Com efeito, é interessante ter reparado no esforço significativo que estas operadoras fizeram para que a Oniway não entrasse no mercado. Desde processos legais, não aceitação de determinações do regulador, negociações ou contratos pouco ortodoxos, entre outras movimentações... Mas um dos accionistas da EDP, o Estado, também ajudou, não vendo com bons olhos a presença da empresa no sector das telecomunicações...

E como isso ajuda a lembrar à administração quem é que decide o quê... Claro que há sempre o outro lado, a outra face da moeda. Ninguém me conseguiu convencer que a entrada do quarto operador era má para os consumidores portugueses de telecomunicações. Ninguém consegue explicar a perda de 400 postos de trabalho, esfumados de uma semana para a outra.... Ah, e não me esqueço de referir que, se esta decisão for mesmo para a frente, o "mealheiro" da sociedade de informação sofre um rombo, devido a perder um dos contribuintes obrigatórios para os projectos de promoção da sociedade de informação, algo tão referido na altura da licença...

Lições a tirar desta história toda: quando fores para os negócios, prepara-te lendo o livro “Arte da Guerra” de Tzu e pensa no armamento que necessitas. Ao contrário da anterior fase de domínio pelo terror protagonizado pelas grandes potências – eu tenho a bomba e por isso não me atacas – o actual mundo dos negócios é baseado em informações estratégicas (leia-se espionagem) e sistemas de ataque modernos. Uma espécie de terrorismo global onde o uso de anthrax ou outras armas biológicas para infectar a opinião pública é possível, e usado com estratégia!