sexta-feira, outubro 04, 2002

E-democracia

A semana passada foi fértil em eventos relacionados com a democracia electrónica, tendo culminado com algo de verdadeiramente sublime: as eleições brasileiras. Estou a escrever sem conhecer o resultado mas algo fica desde já como a maior vitória dessas eleições: todos votaram – bem, a votação é mesmo obrigatória – com uma urna electrónica!

Cada vez mais me convenço, por muitas conferências em tom pessimista que assista, que a e-democracia será uma inevitabilidade e que mudará a forma como se faz política. O perigo é que só mude uma das faces da "estória" e não todo o global da questão.
Quem me conhece sabe que defendo a apresentação da informação, quando oficial, de forma TOTAL. Não aceito e não acredito muito nas "falácias" de certos iluminados que referem, amiúde, nos seus discursos, que há certos documentos que não é necessário as pessoas ficarem a saber.

Um país que se quer moderno necessita destes tipo de ferramentas, deste tipo de actuação e os meios que a tecnologia lhe pode colocar ao dispor para isso são muito importantes. No entanto, há alguns entraves, especialmente a forma de financiamento destes modelos que é necessário rever e analisar de forma a obter uma verdadeira e-democracia sadia…

Não, não pode ser verdade. Sou contra a filosofia dos comunicados de imprensa que escondem a verdade da informação. Sou contra a não divulgação das matérias no seu estado bruto. E isso faz com que seja contra, da mesma forma, a forma como os meus colegas que fazem jornalismo online. Raramente tenho visto o aproveitamento das capacidades do online para dar aos cidadãos TODA a informação. E não só o escrutínio de alguém do qual não conheço as capacidades para decidir por mim.

Para a e-democracia ser uma realidade, é preciso que haja uma revolução de mentalidades, de aspectos culturais e da retirada do medo - sim, há pessoas que ainda consideram que não convém "refilar" porque o seu subsídio cai... ou poderão não ser seleccionados para o emprego da sua vida. Mas para a e-democracia ser uma realidade é necessário, como o Steven Clift confirmou, uma lógica de pequenos projectos, um amor à camisola enorme e uma crença muito grande nos princípios básicos da democracia, de acreditar que há pessoas que podem ter acesso a tudo e saber decidir com base em documentos globais.