sábado, setembro 28, 2002

Mercado estreito

Portugal é um país pequeno. Portugal aposta na inovação e consegue ter mercados competitivos. Portugal tem dado exemplos brilhantes de projectos que não ficam obscurecidos com o facto, óbvio, de sermos somente 10 milhões de habitantes e logo, de o mercado ser pequeno. No entanto, cada noticia que surge na lógica da concentração me asusta sempre, eu que vivo num Mercado como o do jornalismo em que a "banda" está estreita e que nem parece interessar aos "grandes" do sector. No entanto, não é por essa razão que me queixo.

A verdadeira razão é que os monopólios servem apenas para uma coisa: banda estreita de informação. E a tendência para a concentração no sector das TMT (tecnologias, media e telecomunicações) é por demais evidente e teve mais uma consequência a semana passada, com a compra do ISP Vizzavi pelo IOL.
Com este acordo, afunila-se cada vez mais a informação na Net e, ao mesmotempo, como todos os grupos em Portugal lêem pela mesma cartilha, acredito que daqui a uns meses estarei confinado à informação do meu ISP ou então do Diário Digital. Mas, curiosamente, e esta é a minha opinião pessoal como jornalista, continuo a achar a informação que recebo nestes sites "exclusivos" e a pagantes muito "Lusa".

A verdade é que eu gosto da nossa agência noticiosa mas estou certo que ninguém gostaria de comprar para ler todas as notcias que lê noutro órgão. A diferenciação é trave-mestra para o interesse em cada produto de comunicação social.. Os jornais são considerados de referência quando têm destaques, investigações próprias, não quando dão notícias em reciclagem... Quero apenas deixar um assunto para reflexão, para vos lembrar que ninguém usa a Net como devia. No decorrer deste caso "Moderna" ainda não vi nenhum documento para "download"... Esqueceram-se que a Internet serve para divulgar tudo, de modo a que o cidadão tire as suas próprias interpretações? Essa característica de análise é fundamental, a meu ver e permite perceber qual o objective do projecto que cada empresa tem entre mãos…

Obter e apresentar a informação e os dados para análise de uma forma eficiente e agradável à vista do leitor é importante. Manter a ética e a qualidade de leitura é muito importante. Manter a independência financeira e de ideias é fundamental. Este conjunto de matérias são importante demais para andar a brincar!

sábado, setembro 21, 2002

Cada um com…

Mesmo nesta fase de ciberpessimismo ouve-se falar, muito, em “estar” na Web. Mas há, ao mesmo tempo, sabe-se que dois em cada três sites na Internet não cumprem os seus objectivos… Sabem porquê? Porque a equipa de gestão estratégica não trabalha em conjunto com a equipa responsável pelo projecto Internet. Ou então o projecto Internet está entregue a alguém do marketing ou a alguém das vendas… Não, este tipo de projecto só vinga se tiver a equipa de gestão a comandá-lo, num conjunto multidisciplinar!

A primeira decisão que tem de tomar, sem falta, é: eu preciso estar na Internet? Sim, nem todo o produto se adequa à venda online. Por isso, terá que decidir se a sua presença na rede é um projecto de marketing (com espaço para informações do produto, da cultura da empresa e para descontos para clientes) ou então se o seu projecto contempla, para além disso, um serviço de vendas pela Internet.

Independentemente disso, lembre-se das regras de um estudo da Computer Science, do já datadíssimo ano de 1999, mas curiosamente actual e que apresenta os principais problemas que impedem o site de ter sucesso: falta de motivo, de organização, informações desactualizadas, ignorância dos paradigmas Web, excesso de propaganda institucional, informação enfadonha, falta de interactividade e falta de relacionamento.

Lembrem-se que a Internet é um “meio” perfeito mas antes de lá entrar necessita de saber o porquê… É que um dos grandes problemas de todos nós é o de conseguir entender todos os paradigmas quebrados pela Internet e adaptá-los ao futuro das empresas e instituições, uma arte em reformar a casa, enquanto ela anda…

No entanto, não esqueça o outro lado da história: não estar na Internet não significa necessariamente que a sua entidade/empresa não o esteja. Há necessidades de compras/informação/resolução de problemas e relacionamento com os clientes e fornecedores que serão resolvidos por este meio, para além de poder poupar nas comunicações. A sua presença na Internet deve ser entendida, assim, como fundamental: precisa saber, é claro, porque motivos, com que intenções e objectivos e com que dinheiro…

quarta-feira, setembro 11, 2002

11 de Setembro

Esta semana só podia escrever sobre o 11 de Setembro. Era inevitável. Porque nenhum outro assunto teve tanto impacto no modo de olhar as liberdades adquiridas, também na Internet…

Um estudo dos Repórteres sem Fronteiras, recentemente publicado e disponível no site da organização, em http://www.rsf.org confirma isso mesmo. Mas os jornalistas e outros apaixonados pela sociedade de informação também poderiam verificar isso nos relatórios, notícias e legislação, especialmente nesta última, publicados ou alterados neste último ano. Países com tradições de democracia parecem estar loucos e pensar que a Internet é um meio eficaz para todo o tipo de crime. É, sem dúvida, mas não é este tipo de regras que o irão encontrar. Nem com este nem com nenhum…

O que é certo é que grande parte das instituições estão a colaborar. Imaginem a seguinte situação, que não se passa no nosso país: a Polícia Judiciária pedir aos correios que antes de distribuírem as suas cartas pessoais dos remetentes para os destinatários, fizessem uma fotocópia e guardassem. Claro, e depois deixassem os polícias verificarem o conteúdo.

Surreal? Claro que com meios electrónicos, era bem mais fácil. Só que se acham que isto é mentira, desenganem-se. Isto acontece. Um pouco por todo o mundo. E para já, achamos que não acontece em Portugal.

A verdade é que, como meio, a Internet pode potenciar o trabalho em comum de uma equipa situada em países diferentes. Aliás, é um dos exemplos que eu mais gosto de utilizar: uma equipa que tenha fortes conhecimentos do seu objectivo de trabalho e que tenha capacidades de se concentrar na sua tarefa específica num horário pré-determinado tira garantias de qualidade fortíssimas da Internet. Pois. Já viram que a definição serve, exactamente, para tudo, mesmo TUDO, quer seja uma empresa de arquitectos ou os componentes de um comando terrorista?

No entanto, a Internet, como meio, também serviu para muito mais. Quem, como eu, acompanhou os acontecimentos de 2001 com um olho na televisão e outro no monitor do computador, a Internet também serviu para ligar a solidariedade mundial, a criação de testemunhos vivos e de grupos onde se discutiam as últimas informações ao mesmo tempo que se sabiam os mortos oficiais, se enviavam mensagens de condolências ou se sabia se determinada pessoa estava ou não no local.
Foram momentos dramáticos, inultrapassáveis e que marcaram a Internet como um espaço de ajuda, de convivência, de interesse… E é isso que importa sublinhar!

jmo@esoterica.pt