sábado, julho 27, 2002

Imaginário

Dou-me conta, ao colocar o "texto em página", que a diferença dos títulos desta semana para o da semana passada, é muito pequena. Um recurso estilístico para chegar a conclusões radicalmente diferentes... e curiosamente unidas pela necessário "imaginação" a que temos que recorrer para aumentar o nosso "imaginário" virtual.

Esta semana tive a oportunidade de dar uma volta em DVD – tecnologia digital, é claro, por alguns filmes cujo argumento se desenrola, de várias formas, no mundo digital ou se usa e abusa de efeitos especiais. E já nem falo dos filmes de ficção científica, cuja tecnicidade vai ao ponto de se imaginar a comunicação publicitária do futuro - como vai ser feito em "Minority Report".

Mas voltando à temática, dei uma vista de olhos por Final Fantasy (um filme digital de animação a tentar imitar corpos reais) como contraponto ao "Resident Evil" de que vos falamos no Destaque. Se os dois começam numa lógica de jogo, o seu conteúdo, forma de apresentação e estrutura são completamente diferentes.

Diferentes, também, são alguns outros filmes míticos desta temática. Desde o velhinho "The Net" com uma Sandra Bullock programadora até "Hackers", passando por exemplos recentes - mas com destinos cinematográficos diferentes: enquanto que "Conspiracao.com", o nome português de Antitrust chegou às salas portuguesas, a luta entre o conhecido Kevin Mitnick e Tsutumu Shimomura "Takedown" ficou pelo mercado de aluguer e compra directa de DVD. Em formato digital, pois então.

Mas este repositório de filme não fica completo sem aquele que, para mim, mais simboliza um modo de vida digital, mais conseguirá convencer as pessoas que a Internet não é um "bicho-papão" mas sim de simples, com pessoas dentro e não somente máquinas. Sim, estou a referir-me ao semi-lamechas mas verdadeiro "You've got mail", o blockbuster com Meg Ryan e Tom Hanks que, tenho a certeza, deve ter conquistado muitos "internautas". Enquanto aos outros já vão os habituais fãs da Net...

O mundo do cinema consegue encantar crianças e adultos, já diria Steven Spielberg. Eu continuo a pensar como ele, como uma criança grande em busca de um sonho. Neste caso um sonho digital, que me sirva e que me ajude. É que as máquinas ainda são bichos complicados… E é nossa tarefa melhorá-los…

De férias não irei, estejam descansados. O meu e-mail continua aberto para as vossas ideias, sugestões, casos de sucesso ou de fracasso nas novas tecnologias…

sexta-feira, julho 19, 2002

Imaginação

Portugal vai precisar de imaginação nos próximos tempos... Muita imaginação e algum rigor, regras claras e decisões céleres. Para que a sociedade de informação possa sorrir nos próximos tempos, e Portugal possa continuar no pelotão da frente das estatísticas e, mais importante do que isso, possa cativar as pessoas para uma utilização das novas tecnologias de modo a que consigam ter mais participação nos processos de decisão governativa.

A verdade é que as tecnologias estão aí. Ligação à banda larga - mas ainda não a preços massificadores, telemóveis com mais capacidades do que as que utilizamos, sites Internet que vão vingando. A descrença, essa sim, aquela característica madrasta que habita na mentalidade dos portugueses, é que também vai barrando tudo aquilo ao qual os portugueses têm direito...

Não temos ainda Televisão Digital Terrestre. Mas teremos. Não temos ainda UMTS - mas precisamos é que as operadoras se entendam para que se interliguem nos serviços GPRS, nomeadamente no MMS que tem virtudes que as pessoas querem experimentar. Não temos muita banda larga, é certo, mas a procura de ADSL foi maior nas últimas duas semanas do que no ano passado... Os nossos sites vão definhando sem apoios credíveis para sobreviver. E todos sabemos que as centrais de compras de espaço publicitário não sabem funcionar da forma mais correcta - quer seja na Internet quer offline. Porque não conhecem as palavras "especialização", "captação de público-alvo" mas somente a palavra "rappel"...

A imaginação que precisamos vai condicionar o país. Portugal precisa de acreditar que os serviços vão mudar, precisam de ter uma nova mentalidade e também de acreditar que o uso de um computador e de uma ligação à Internet é fundamental, quer seja no emprego ou em casa. Possuir um e-mail é quase tão importante - e se calhar vai ser mais - do que não esquecer de andar com o bilhete de identidade no bolso...

Se houver rigor e seriedade, Portugal será capaz de ombrear com os melhores exemplos e práticas europeias e mundiais. Ou pura e simplemente, queixar-se de mais esta oportunidade perdida. E é extremamente importante, senão vital que Portugal não perca esta caminhada rumo a uma sociedade ainda mais desenvolvida e próspera. As tecnologias são necessárias, úteis e bem introduzidas no quotidiano são ferramentas, não empecilhos a temer.

jmo@esoterica.pt

sexta-feira, julho 12, 2002

Esperança

Esta é daquelas semanas mesmo estranhas. Uma série de boas notícias podem desaparecer num ápice, quando se lê a história, sempre triste, da morte de alguém mais novo. Ainda para mais quando é alguém brilhante, que deverá estar a escrever programação noutro lado, sempre a pensar em distribui-la de forma livre. Com efeito, o movimento “open-source” perdeu uma das suas referências e a Sun Microsystems ficou sem uma mente muito brilhante que não conseguiu resistir ao sufoco da vida diária. Chamava-se Gene Kan, tinha 25 anos, era um dos mais conhecidos programadores de tecnologias P2P. tinha sido considerado pela Time Digital um dos doze “a observar”, as estrelas do momento e do futuro...

As outras notícias poderiam levar-me ao maior sorriso. Com efeito, tudo o que aconteceu nesta semana preconiza, se a natureza das coisas seguir o seu rumo normal, boas notícias para os consumidores portugueses, em especial para os que utilizem de forma “voraz” as novas tecnologias de comunicação. Com efeito, ao mesmo tempo que a oferta de ADSL ao mercado residencial via nascer novas ofertas - e uma curiosa e divertida luta para ser o primeiro a lançar o novo produto - o mercado das comunicações móveis assistiu a mais uma prova de força da Oniway . Rede em testes, pronta a ser lançada, embora em GPRS.

Atacando, até nas instâncias comunitárias, quem não permite a sua entrada no mercado - e cada vez mais estes acontecimentos são um “opereta” de bolsa... - a equipa de António Vidigal demonstra uma verdadeira “La pallissada” do nosso país: temos muitas leis mas não temos multas em condições. Aquelas multas dissuassoras que obriguem ao respeito e evitam situações de abuso de determinadas posições que podem ou não ser legais mas decerto que não são benéficas para o consumidor... Alguma vez deixaria o carro mal estacionado se soubesse que tinha garantida a multa de 200 euros? Agora neste país, as coisas não são bem assim. Embora pareçam...
É que quem não é de Lisboa ou Porto quer ligações à ADSL mais depressa, mais baratas e melhores e os que usam e abusam de telemóveis não têm onde escolher porque os planos tarifários são todos iguais. Não queremos estar à espera mais de um ano por uma tecnologia que outros já utilizam e tiram partido, o que imediatamente provoca desequilíbrios regionais... Não digo que é cartelização mas que quem não tem ganho muito é o consumidor...