terça-feira, junho 08, 2004

Universidade Digital

Artigo de Maria Helena Nazaré, reitora da UA,com o apoio de José Alberto Rafael (publicado no JN de hoje)


Actualmente, o recurso generalizado a sistemas e serviços informáticos é uma realidade, independentemente da área de actividade desenvolvida. No meio universitário, essa constatação é ainda mais evidente dado o ambiente altamente tecnológico e de literacia informática e científica em que se labora. Revela-se, assim, na comunidade académica, uma maior premência na concretização e implementação de novos modos de utilização e de exploração das potencialidades das novas tecnologias.

A Universidade de Aveiro tem trabalhado no sentido de ser um motor para criação de novos modelos e realidades. Para isso, aposta fortemente no formação dos seus membros e na disponibilização de meios que possam contribuir para a construção de uma autêntica Universidade Digital.

Dentro de 3 anos, a UA pretende que este desígnio esteja já concretizado em Aveiro, através da disponibilização de serviços e conteúdos aos seus públicos mais directos: alunos, docentes, funcionários, mas também parceiros empresariais, fornecedores, instituições de outros graus de ensino, de solidariedade, de saúde, de âmbito cultural, etc....

Os objectivos que a Universidade de Aveiro pretende alcançar através da implementação da Universidade Digital passam pelo desenvolvimento de estruturas e serviços que fortaleçam a comunicação, interna e externa, promovam o sucesso escolar e a participação na vida académica, e que facilitem o dia-a-dia de qualquer cidadão que pretenda interagir com esta instituição, reforçando os laços com o tecido produtivo e fomentando a interacção científica e cultural com toda a sociedade.

Esta aposta acarreta para a UA exigências acrescidas em termos de infra-estruturas de rede de suporte a esses serviços, aumento do número de sistemas, aumento das larguras de banda nas ligações internas /externas e novas facilidades de acesso.

Neste sentido, encontra-se instalada uma rede wireless que abrange todo o campus universitário e as extensões do mesmo (em Águeda, no norte do distrito de Aveiro, …), abrangendo todos os edifícios que o constituem, bem como os espaços exteriores envolventes. Tendo sido aberta à utilização pública em Janeiro de 2003, esta tecnologia "sem fios" tem vindo a ser massivamente utilizada pela comunidade académica. O crescimento do número de utilizadores tem sido exponencial: no mês de Abril registavam-se já cerca de 1400 utilizadores activos, dos quais 86% eram alunos.

Esta funcionalidade permite aos públicos da Universidade de Aveiro que usufruem do espaço do campus, mas que não disponham de um local físico pré-estabelecido para ligação à Internet (como é o caso dos estudantes de pós-graduação, ou de formação contínua, visitantes, jornalistas ou conferencistas) conseguir aceder em tempo real aos sistemas de informação disponíveis. Deste modo, qualquer utilizador pode aceder à internet em qualquer local abrangido pela rede sem fios, e assim usufruir dos serviços que caracterizam o espaço global Internet e aceder a todo o conjunto de serviços existentes no campus (a secretaria virtual, as ferramentas de ensino à distância, o catálogo da biblioteca, os conteúdos programáticos e de avaliação de disciplinas,...). A flexibilidade de instalação desta tecnologia wireless permite, igualmente, que a rede chegue a locais onde, de outra forma seria moroso, dispendioso ou difícil a instalação de cablagens, por razões arquitectónicas ou de acessibilidade.

Estes projectos, para além das implicações directas no dia a dia da comunidade universitária, pressupõem uma mais profunda alteração dos paradigmas que lhe serviram de base ao longo dos últimos séculos: a sala de aula, o laboratório ou o gabinete de trabalho pode ser qualquer ponto do campus.

Assim, é conferido valor acrescentado a cada local de trabalho, atribuindo-lhe valências, muito para além daquelas para que foi inicialmente concebido, pela capacidade de acesso a conteúdos e serviços via Internet, através de um único ponto: o computador.

Um exemplo desse paradigma é que, actualmente, na Biblioteca da UA se deixou de expandir o número de pontos de acesso físico à Internet e se detectou a necessidade de instalar dezenas de tomadas eléctricas para alimentar os carregadores dos computadores portáteis pessoais dos utilizadores da Biblioteca, que aí acedem à Internet e a todos os serviços que lhe estão associados. Mais ainda, estando fisicamente na Biblioteca da UA, um aluno pode estar a consultar remotamente, através desse seu computador, uma qualquer publicação de uma qualquer biblioteca de outro país, ler o seu e-mail, efectuar cópias de segurança em arquivos centrais, aceder a um serviço de impressão instalado noutro espaço do campus, efectuar a sua inscrição num exame, ou fazer exercícios práticos ou mini-testes de determinada disciplina, tendo acesso à sua correcção, etc.…

Não estamos a falar de ficção científica, esta é a realidade concretizável através da exploração das estruturas e dos meios que as tecnologias proporcionam. Mais importante, até, que a expansão e a massificação das tecnologias é a sua disponibilização e adequação aos fins para que são criadas. È nesse sentido que a Universidade de Aveiro tem vindo a consolidar e a expandir a constituição de diversos serviços de utilização corrente e generalizada sobre esta plataforma digital: é o caso da Secretaria Virtual, do Légua (um repositório sistematizado de legislação, normativos e deliberações e manual de procedimentos da Universidade), do acesso digital à Biblioteca, dos serviços suportados pelas plataformas de e-learning. Integrados no conjunto de projectos submetidos pela UA ao Programa Aveiro Digital, estarão também em utilização, a muito breve prazo, sistemas integrados de gestão de recursos humanos, de gestão documental e de gestão de infra-estruturas da UA, de monitorização remota de sistemas e serviços informáticos, entre outros.

Estamos, assim, convictos de que esta linha de intervenção da UA se assumirá como um contributo para o desenvolvimento de uma sociedade informada, produtora de conhecimento, competitiva e integrada.


Não é ficção científica, mas uma realidade concretizável através da exploração de estruturas e meios