sexta-feira, outubro 18, 2002

Publicidades

Há um conjunto de perguntas óbvias que qualquer colunista deverá fazer ao seu público, ainda para mais se pretende escrever sobre o sentimento das pessoas em relação à economia. Será que a crise está a afectar os bolsos da classe média ou é apenas um fantasma?
As perguntas são várias. Qual é o seu sentimento? Estamos em crise? Estamos bem? Acha que as expectativas é que formam a sua opinião ou baseia-se em factos concretos? O estudo científico da vontade dos cidadãos daria, sem dúvida, matéria bastante para os “marketeiros” das nossas empresas. É que é pela base - saber a razão pela qual o “consumidor” adquire ou não o “meu” produto - que se poderá direccionar as campanhas, as promoções, e outras ferramentas com que se tenta o objectivo último de cada empresa: vender mais.

Mas será que tudo é possível de ser medido? Será que os factores instintivos - a publicidade é amarela, gosto da marca, é a que escolhe a minha namorada, etc - não desvirtuam a capacidade em analisar cientificamente as vendas?

Refiro-me a isto por uma mera opinião pessoal. Eu não tentaria denegrir o “produto” para vender a minha solução específica. Acho que essa estratégia poderia levar a efeitos perversos: talvez haja menos pessoas a ter uma opinião positiva em relação ao produto, talvez acontecesse que no processo de decisão as pessoas se lembrassem das críticas feitas ao mesmo e ainda, o que seria grave, as afirmações produzidas fizessem com que certas pessoas a quem já o vendi se lembrassem de me questionar acerca da qualidade daquilo que lhes vendi.

Qualquer semelhança com publicidades recentes na área é pura coincidência... É claro que me estou a referir à publicidade ao produto ADSL feita pela NovisNet que lembre que 70 por cento da pornografia é vista em horário laboral. E também lembram aos gestores que as pessoas sérias que estão a trabalhar podem estar a consulta a sua conta bancária, a ir às compras ou a jogar num qualquer casino.

Será que este tipo de publicidade leva o gestor a decidir-se pelo produto da empresa ou, antes a decidir-se por nenhum produto? Ou a comentar numa qualquer reunião que a Internet é aquela coisa “que só faz perder tempo” e ser “pouco produtivo”?

Acho que o “briefing” desta publicidade sofreu de “humorite aguda” e destruiu aquilo que, de bom, alguns dos outros promocionais da marca tinham conseguido para a mudança de mentalidade.