sábado, novembro 30, 2002

Ao trabalho

Numa semana em que todos os assuntos de interesse já foram antecipados - agradecemos, nós, jornalistas, a António Carrapatoso por finalmente alguém dar a cara no negócio das três operadoras que até agora eram sempre "fonts ligadas ao processo" - tento antecipar a época natalícia.

E se é somente nessa altura que se dão as prendas - e as "directas" sobre quem se portou mal - acho que estamos na altura de pensar um pouco no país e nas empresas portuguesas ligadas ás tecnologias.

Quer sejam especialistas em sites, quer sejam integradores ou consultores, quer apostem na inovação ou nas telecomunicações, as empresas portuguesas têm uma tarefa fundamental pela frente: modernizar o país. Pedir-lhes que tentem "vender" os seus produtos de uma forma digna e que façam ver aos gestores aquilo que é necessário ao negócio é importante. é que está nas vossas mãos lembrar que a "Internet" ainda é importante para a reorganização das empresas e que a sua correcta utilização, uma utilização realista ainda é factor para a economia de custos, reorganização de processos e melhoria das capacidades empresariais.

Não, não estamos a falar de realidades ultrapassadas mas sim da utilização corrente de um conjunto de facilidades que, acreditem, ainda não são utilizadas na maioria das empresas...

Não, não estou somente a falar como um fanático de Internet mas sim de uma correcta mentalização dos empresários portugueses para o recurso a um conjunto de ferramentas – sejas elas de apoio à gestão, à produção, à venda ou em todos os níveis – baseadas em soluções tecnológicas standards que lhes possibilitem ter vantagens competitivas.

Conhecer melhor o seu negócio, executá-lo de uma maneira sistemática e correcta ou saber como agir, na posse de uma determinada informação é fundamental… Quer saber como?

Bem, deixo-lhe o exemplo mais corriqueiro possível. Imagine um comércio tradicional em que o proprietário é também o único empregado. Se ele começasse a tomar notas, em papel e lápis (ou no computador) sobre a frequência com que os seus clientes entram na loja e compram (ou não), se calhar poderia optar por um horário mais flexível e mais adequado ao seu bairro ou área de influência. Simples?

domingo, novembro 24, 2002

Policial

Para um potencial escritor de livros policiais ou de espionagem tenho uma dica para lhes dar. A história tem todos os ingredientes necessários a um grande romance. Ora vejamos. Tem mistério, suspense, mudanças drásticas na vida pessoal e profissional dos intervenientes. Envolve, igualmente enormes montantes de dinheiro , negócios complicados, processos judiciais e junta no mesmo dossier política, economia e decisões estratégicas. Para quem esteve fora de Portugal nos últimos meses, claro que me refiro ao dossier Oniway.

Segundo as fontes bem informadas, quando estiverem a ler isto, já tudo estará resolvido. Já a EDP vendeu os activos da empresa operadora móvel de terceira geração aos outros três operadores por uma quantia irrisória, já o BCP fez contas à vida e já houve "champagne" na Optimus, Vodafone e mesmo na TMN. Com efeito, é interessante ter reparado no esforço significativo que estas operadoras fizeram para que a Oniway não entrasse no mercado. Desde processos legais, não aceitação de determinações do regulador, negociações ou contratos pouco ortodoxos, entre outras movimentações... Mas um dos accionistas da EDP, o Estado, também ajudou, não vendo com bons olhos a presença da empresa no sector das telecomunicações...

E como isso ajuda a lembrar à administração quem é que decide o quê... Claro que há sempre o outro lado, a outra face da moeda. Ninguém me conseguiu convencer que a entrada do quarto operador era má para os consumidores portugueses de telecomunicações. Ninguém consegue explicar a perda de 400 postos de trabalho, esfumados de uma semana para a outra.... Ah, e não me esqueço de referir que, se esta decisão for mesmo para a frente, o "mealheiro" da sociedade de informação sofre um rombo, devido a perder um dos contribuintes obrigatórios para os projectos de promoção da sociedade de informação, algo tão referido na altura da licença...

Lições a tirar desta história toda: quando fores para os negócios, prepara-te lendo o livro “Arte da Guerra” de Tzu e pensa no armamento que necessitas. Ao contrário da anterior fase de domínio pelo terror protagonizado pelas grandes potências – eu tenho a bomba e por isso não me atacas – o actual mundo dos negócios é baseado em informações estratégicas (leia-se espionagem) e sistemas de ataque modernos. Uma espécie de terrorismo global onde o uso de anthrax ou outras armas biológicas para infectar a opinião pública é possível, e usado com estratégia!

sexta-feira, novembro 15, 2002

Mentalidades

Tenho observado, com desgosto e/ou alguma pena que ainda há pessoas que não se preocupam minimamente com computadores, tecnologias e que exprimem publicamente esse desprezo. Considero ainda que há muitas famílias para quem as novas tecnologias podem passar ao lado da educação do seu filho. Esquecem-se, todavia, que estão a cerceá-lo de muitas vantagens, caso ele, por vontade própria, não avance os seus conhecimentos nesta área.

Ainda mais preocupante é quando pessoas que precisam de utilizar o computador de forma intensiva na sua área profissional remetem para os “técnicos”, aquelas personagens de ficção que lhes resolvem os problemas, todas as suas necessidades, não retendo os conhecimentos para uma futura resolução. E ainda para quem vai com ideias pré-concebidas para um emprego…

Uma resposta madura e realista para quem se candidata a um trabalho, que talvez não seja o dos seus sonhos, seria: "Eu tenho mil planos, mas não quero escolher agora e gostaria de experimentar este trabalho com vocês. Quem sabe não gosto?"

Cabeça aberta e disposição são duas qualidades apreciadas por qualquer empregador e devem ser apanágio do potencial empregado, que também não deve “falhar” na hora de ir aprendendo mais sobre o assunto.

Hoje, quando olho para minha vida profissional, constato que tudo que conquistei foi o resultado de três factores: as oportunidades que criei ou surgiram, a consciência do que significavam e a noção de estar bem preparado para elas ou ter a energia para o conseguir.

A vida dá voltas e não deve se fechar portas. Depois que se entra no mercado, aliás, é muito mais fácil mudar de rumo. E acreditem: as nossas certezas aos vinte anos são verdadeiras “tretas”… E a vantagem dos conhecimentos tecnológicos é que nos permitem aumentar as escolhas!

Claro que nem tudo depende do conhecimento que se tem da tecnologia mas a atitude pró-activa é sempre bem-vinda mesmo em ambientes hostis. E acredite que esses comportamentos não podem continuar por muito mais tempo pois o desenvolvimento tecnológico e o contacto de cada entidade com o exterior obriga a mudanças nestas áreas.

quinta-feira, novembro 07, 2002

Desilusão

A pergunta "da moda" na semana passada, aquela que todos os jornalistas, elementos na área da comunicação e mesmo pessoas ligadas às empresas faziam umas às outras era muito parecida: "então, a Inforpor vale a pena?"

Queriam desta forma questionar se a Inforpor e as outras feiras que se realizaram na FIL durante o mês periodo e dedicadas às novas tecnologias tinham aquele "je ne sais quoi" que as faz serem imprescindíveis. Bem, insatisfeito como sou, só posso dizer duas palavras: "Sim" e "Não".

Sim, porque a feira, e repito-me , é a melhor estrutura e a mais conceituada no mercado português e por isso é incontornável. Para além disso, o formato escolhido e as datas também me parecem adequadas.

Não, porque as empresas continuam a não estar presentes por si, não apostam na feira - mas querem que se fale neles - e é necessário dar um impacto internacional à mesma.

A verdade é que não aceito que me atirem os argumentos de dimensão. Há outras feiras em Portugal (como a dos automóveis) onde as marcas internacionais apostam, ou há produtos cujo marketing é preparado em exclusivo para a data... E isso ainda falta às empresas e à estrutura de uma feira em Portugal.

A outra sugestão é, digamos, é aplicar o princípio da concentração. Juntarem-se os responsáveis e fazer uma única feira...
Num trabalho que estou a realizar, dou-me conta que o futuro próximo dos telemóveis é já em Janeiro. Ainda não chegamos ao UMTS mas a tendência já é outra, completamente diferente de há seis meses atrás. Neste momento, as empresas apostam em produtos com MMS (todos ou quase), com tecnologia GPRS, ecrãs a cores e os de gama média/alta com funcionalidades de câmara fotográfica. São operadores e fabricantes a pensar no aumento das receitas através da transmissão de dados.

Outro conceito muito interessante é aplicado, a partir desta semana, pela Vodafone. O “Live” não é mais do que a integração entre os menus do telemóvel e os serviços oferecidos por Wap/GPRS do portal da Vodafone/Vizzavi. Parece uma ideia simples mas é, acima de tudo, extremamente eficaz. Facilita a vida a quem quer utilizar os mecanismos avançados, pois vem tudo já configurado e, é claro, aumenta as receitas de dados. A facilidade de utilização é outra das grandes vantagens! Mas sobre este produto falarei noutra semana.